Tuesday, May 05, 2009

Desabafo de uma lágrima

Uma lágrima pingou em minhas mãos
mas eu não a podia compreender.
Perguntei para a lágrima solitária
que motivos ela tinha para verter.

A lágrima porém, de pronto não me respondia
acanhada como só ela, silenciou-se.
Eu sabia que não adiantaria a ameaça vazia
portanto apenas me coloquei a admirar.

A lágrima aos poucos me disse
e me fez entender o motivo do pranto.
Não havia tristeza em sua viagem
apenas uma reflexão sábia do coração.

A lágrima chorou em minhas mãos
fez-me ver que sentia-se sozinha.
Fez-me ver que não era sem motivos
que o coração falava através dos olhos.

A lágrima me contou seus segredos
os segredos que eu não queria escutar
os segredos que o coração sussurrava sem parar
mas também sem ser escutado.

A lágrima, então, me fez chorar
Fez-me verter o pranto da consciência
Fez-me ver que não sou feito de pedra
e que, mesmo assustado, eu precisava dela.

A lágrima me abriu os olhos
e me contou meus segredos mais secretos
aqueles que eu tentei esconder no peito
mas que, sorrateiros, eles me machucavam.

A lágrima que me fez despertar não era minha
tua lágrima falou mais do que as palavras
Não tocou meus ouvidos, tocou minh´alma.
E me fez compreender mais sobre mim.

Sunday, April 26, 2009

Desilusão


Eis que cai o véu da ilusão, que com seu doce êxtase me obscurecia a visão, os sentidos e os pensamentos. Tudo está mais claro agora aos meus olhos nus, que vislumbram a verdade por detraz da máscara de emoções.

Já não faço mais rimas, ou falo de sorrisos e alegrias, muito menos então escreverei sobre amores, sentimento tão nobre que pode criar e destruir com a mesma eficiência. Venda da mente, obscurece a visão e entorpece os sentidos, muitas vezes causando chagas e enfermidades irreparáveis aos corações desprevinidos.

Penso não ser mais capaz de rimar, apenas escrever sobre as verdades da vida, que hoje vejo com olhos de desilusão. Direi que a felicidade existe sim, e é valiosa, porém efêmera.

Direi que o amor, sentimento tão nobre que veste a realidade com uma fantasia linda e atraente tem o poder de ferir fundo a alma, e a cicatriz será eterna, até o dia em que haverão tantas delas que não mais haverá espaço para uma nova punhalada, um coração de pedra se formará então.

Escreverei sobre poetas, estes seres com coração de vidro e sentimentos nobres. Corajosos, e hoje vejo o quão corajosos são, que expõem seus sentimentos em forma de palavras, generosos em compatilhar com todos suas emoções. Os poetas são como um belo vitral, onde está pintada sua alma. Mas uma pedra pode quebrar o frágil vidro, e hoje me pergunto se não seria melhor ter janelas de aço, sem a beleza do vitral frágil, mas com a dureza do coração de pedra para aguentar os golpes da vida.

E ao final, penso que hoje vejo tudo claramente, mas nada entendo. Não entendo os sentimentos, não entendo os fatos, não  entendo você. Penso em tentar reconstruir minha janela de cristal, mas receio uma nova pedrada que me machucaria fundo demais, talvez eu deva construir minha janela de aço enquanto é tempo, mas se o fizer, não mais poderei vêr-te através desta.

Então após muito refletir, decido que não desisto de meu vitral, mas sei que ele nunca mais terá a beleza e transparência de antes, mas não desisto da doce ilusão, fantasia da realidade que domina meu coração, por fim, não desisto de amar...mas não mais amarei a ti.
E se finalmente um dia eu trocar minha remendada janela de cristal por uma de aço, é porque abri mão para sempre de minha efêmera felicidade.

Um sonho não precisa acabar só porque você despertou. 

Thursday, March 05, 2009

O que farão os homens?


O que farão os homens?
Quando a chuva de um pranto sereno inundar as terras de desolados corações tomado pelo desespero de uma solidão nefasta, varrendo destas terras as raízes da angústia pela força de suas águas?

O que farão os homens?
Quando a suave brisa tornar-se um vendaval de arrependimento sem fim, onde seus poderosos ventos impedirão o desejado regresso à calma planície dos ventos de felicidade?

O que dirão os homens?
Quando não mais ouverem simples respostas para simples perguntas, talvez de curiosas crianças que anseiam pelo mar de conhecimentos de um mundo o qual já não entendemos mais?

O que farão os homens?
Quando verterem rios de tristes lágrimas que tornarão novamente férteis os corações castigados pela falta do amor e da esperança?

E quando se abrirem os olhos da consciência, haverão aqueles que entenderão que rios e mares, ventos e chuvas já se foram, e nunca mais voltarão. Mas se abre uma nova paisagem de esperança no horizonte do futuro, onde o clima obedecerá apenas a própria vontade de cada um.

Thursday, January 22, 2009

Estrelas

Estrelas que cintilam tão belas
sob os olhos do inerte amante
que esconde no fundo da alma
o sorriso e a lágrima errante.

E o céu estrelado esconde
as histórias de tantas almas
sussurando até o horizonte
fantasias serenas e calmas.

Alegria singela e pacata
que nasce em corações ternos
sob as estrelas sois busca
da vida de amantes eternos.