Monday, September 17, 2007

Inverno

Enfrentei a bravia contenda
de um sentimento cruel e severo
que me pôs nos olhos a venda
de um frio e longuínquo inverno.

Mas o inverno maior que castiga
este ser tão calmo e valente
é a solidão da alma ferida
que segue, da vida, a corrente.

E a feroz corrente da vida
me guiava, vendado e incapaz.
Eu ouvia a sua cantiga
pedindo um pouco de paz.

Mas se foi a venda maldita
e com ela a tristeza e a dor
finalmente jáz esquecida
a solidão que cegava o amor.

E ilumina-se a alma liberta
das vendas e sombrios grilhões.
Finalmente, no peito, desperta
do amor, as felizes canções.

E a ela eu devo os arranjos
da cancão mais sincera e bela
pois não há, nem mesmo entre os anjos,
que eu ame, alguém, mais que a ela.