Friday, July 28, 2006

Mar Noturno

Noturno mar tão belo
que se confunde ao negro véu celeste
tens a beleza infinita da noite
refletidas nas águas da praia serena.

Ó mar, tuas ondas noturnas bravias
que espumam o límpido prateado estelar
são apenas a manifestação de teu desejo
de acariciar-nos com tuas águas mornas.

Sombrio mar da noite mais bela
tens o ornamento de uma coroa estrelada
que ilumina as praias desertas
alisadas pelas ondas distantes.

E no êxtase de tuas carícias tranquilas
admiram-se os amores imersos em tuas águas
testemunhas de um céu resplandecente
e de um mar noturno inesquecível.

Monday, July 03, 2006

Narciso

"O sol se punha no Olimpo, Narciso estava finalmente no cume da grande montanha sagrada, apreciava o belíssimo pôr do sol observando o reflexo dourado nas águas calmas nas dezenas de poças d´água que refulgiam ao chão como diamantes celestes. Ele se glorificava pela recente conquista, apreciando cada momento daqueles minutos triunfais. Ao olhar para uma poça próxima viu seu próprio reflexo na água. De baixo para cima, pensou ter se visto elevar-se até os céus, e aprovando a visão falou para a imagem:

_ Sabeis que és o maior entre os maiores Reflexo? O mais belo entre os belos, o mais sábio entre os sábios e o mais feliz entre os deuses?

A imagem nada o respondeu, fitando-o apenas com um ar de superioridade que não o agradou muito. A imagem encontrava-se à seus pés, e mesmo assim tratava-o com desdém e arrogância mesmo frente a seus mais sinceros elogios.

_ És ingrato reflexo, nem mesmo podeis agradecer ou demonstrar alguma consideração por meus sinceros elogios e gratificações? Estás a meu pé, e elevo-me acima de ti, acima do Olimpo, além do próprio Zeus, como ousas desafiar-me com tamanha arrogância?

A imagem novamente nada respondeu, fitava-o com um ar de raiva, e o olhar arrogante tirava-lhe a paciência. Então Narciso percebeu que assim como a imagem estava a seus pés, também ele o estava aos pés da imagem. Ela olhava para baixo para poder fitá-lo e isso o enfureceu.

_ Não és mais nada além de uma sombra minha reflexo, não podeis fitar-me com tanta arrogância, sem mim tu não existirias, não poderias nem mesmo sorrir ou subir ao cume do Olimpo, mostrarei-te teu lugar ser repugnante.

Narciso então pisou com toda sua força na poça d´água, ela se agitou e o reflexo sumiu por alguns segundos, o Brilho dourado do sol jah havia se ido e narciso percebeu que perdera a cena mais bela que poderia presenciar em mil anos, tomado pelo remorso tornou a olhar para a poça que se encontrava a seus pés, e viu novamente um reflexo, agora turvo, feio e de formado, sem o brilho dourado do poente solar.

Guiado pela luz das estrelas e por Zeus ele então desceu do cume do Olimpo, e por sua própria vontade passou o resto de seus dias sem voltar até lá e apreciar o espetáculo mais belo que Deuses e mortais poderiam presenciar, apenas para nunca mais encarar o reflexo deturpado que se identificou tão bem com ele."

Leandro Flores