Wednesday, May 31, 2006

Consciência

"O que foi minha querida?
Por que está tão acanhada?
O que foi que nesta vida
fez ficar-te tão calada?

A amargura deste mundo
essa raiva e ignorância.
Este vale tão imundo
que destrói minha esperança.

Como posso eu viver
num lugar de tanto mal?
Eu só posso aqui prever
sofrimento ao final.

Eu só vejo sofrimento,
guerra e fome tão profunda.
Vejo em todo pensamento
uma moral demais imunda.

Também vejo traições
tanta perda e tristeza.
Machucados corações
hoje cheios de avareza.

Vejo tantas privações
sem motivo, sem certeza.
Vejo tantas emoções
tão maldosas, sem beleza.

Vejo inveja, ambições
e terrores sem medidas.
Vejo tantas ilusões,
vejo vidas tão perdidas.

Vejo ainda um rancor
do amigo, do irmão.
Sinto falta do amor
pois só vejo solidão.

Tenho pena da criança
que neste vale então nascer.
Nesta terra de vingança
o que irá ela aprender?

Novamente eu pergunto
como posso eu viver?
neste vale tão profundo
nenhum bem eu posso ver.

Eu arrasto minha vida,
sempre cheia de pesar,
por enquanto eu tento ainda
para frente caminhar.

Devo eu ter paciência?
ou devo, então, logo morrer?
O meu nome é consciência
e não quero mais viver!"

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